terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Minha Terapia Chamada Tricô


As meninas de 24 anos da minha idade tem dificuldade de se imaginar num ateliê repleto de senhoras de 50 anos,  crochetando, tricotando, fazendo mantinhas de tricô com 139 pontos e mais de mil repetições da mesma sequencia de pontos. 

Eu não.

O que seria de mim sem esses mantras em forma de pontos? O que seria de mim sem o silêncio absoluto em que nada mais no mundo acontece. Eu, meu novelo, meu silêncio, e meus pensamentos que conseguem espaço junto à concentração. Tão perfeitamente alinhados aos fios. Eu conseguiria fazer isso por horas se não fossem as cicatrizes no meu seio direito que ainda doem e me obrigam a parar.

Que pena.

Minha terapia vem em novelos de até mil metros. Tem cores tão variadas que apenas uma cor ganha um leque de tons absurdamente possível. É barato, esquenta no inverno, e me acalma. Faz do silêncio algo duplamente produtivo. Quase sempre a Keyshia Cole me acompanha durante algumas receitas. Outras vezes a memória de outros tempos, outros dias, outros verões me obriga a parar antes das dores no seio, embasando a vista.


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